quinta-feira, 25 de março de 2010

Cabelos Trançados

Há muitas primaveras, no tempo em que ainda havia muitos Búfalos e os únicos inimigos dos Sioux eram os Crow, uma pequena criança mamava no peito de sua mãe. Ele era muito pequeno, mas observava o acampamento e ouvia os tambores de seus ancestrais falando ao povo. Ele entendia tudo o que os tambores diziam, e ouvia as histórias que eles lhes contavam. Como era muito pequeno, as histórias lhe tranquilizavam sempre que sua mãe estava ocupada tingindo tipis ou preparando penicam (pasta de carne com frutas secas).
Dez primaveras se passaram e ele tornou-se um rapaz cheio de responsabilidades. Naquela época seu nome era Ouve os Tambores, porque a xamã que havia assistido seu nascimento notou a fascinação que ele tinha pela batida dos tambores. Seu pai havia sido pisoteado por um búfalo ao salvar a vida de um jovem descuidado que fazia sua primeira caçada. Assim, ele tornou-se parcialmente responsável pela caça de pequenos animais para sua família. Um dia, ao voltar para casa com um esquilo e um coelho, levou-os para sua mãe e foi saudados pelo Contador de Histórias Cara Amarela. Cara Amarela era um Cabelo Trançado que havia servido ao seu povo desde o tempo em que o avô de Ouve os Tambores era pequeno.
Cara Amarela perguntou a ele, o que havia aprendido na caçada, se havia escutado as criaturas e conversado com elas. Ouve os Tambores se surpreendeu com a pergunta, pois não havia contado a ninguém que seguia as batidas do seu coração, como se fossem música dos tambores, até o local em que os animais lhe indicavam, dizendo que estavam dispostos a se sacrificar para servirem de alimento a sua família.
Até a hora em que o Avô Sol se punha ao oeste, ficou sentado com Mão Amarela contando as histórias maravilhosas que havia aprendido com suas amigas, as criaturas. Contou-lhe como levantava a mão e ordenava a seu coração que tamborilasse How Kola! (Salve Amigo!) para seus irmãos e irmãs da pradaria. O How Kola que seu coração tamborilava atraía as criaturas até o local onde ele se encontrava, e eles ficavam felizes em partilhar com Ouve os Tambores sua Histórias de Sabedoria. Assim aconteceu que ele terminou sendo escolhido para receber o treinamento do Contador de Histórias Cara Amarela, e acabou tornando-se um Cabelo Trançado. Seu nome foi mudado para Mão Erguida porque ele costumava saudar todas as criaturas com a mão aberta, levantada em sinal de amizade.
Durante cinco primaveras Mão Erguida aprendeu com Cara Amarela, a ser um Cabelo Trançado. Cara Amarela ensinou-lhe que eles são os Guardiães de sua história e das Sagradas Tradições. Cabe a eles viajar entre os grupos de diversas nações, levando notícias dos acontecimentos que afetavam a todos. Os Cabelos Trançados costumavam contar os fatos que ocorriam em outros acampamentos, ao redor da fogueira comunitária, depois do jantar. Eles falavam de atos heróicos, de um Sonho de Cura que profetizasse futuros acontecimentos, de História de Sabedoria que conservavam viva a Tradição, além de trazer as últimas notícias acerca de nascimentos e de mortes nas tribos.
Na terceira primavera que Cara Amarela passava os ensinamentos a Mão Erquida, eles foram realizar uma Busca de Visão para o jovem Cabelo Trançado. No terceiro dia de busca, surgiu um Ancião que transmitiu a seguinte mensagem ao jovem: - Os Cabelos Trançados de todas as tribos e nações constroem uma ponte entre os ensinamentos tradicionais e o momento presente. As crianças de todas as gerações aprendem as lições tradicionais que os Cabelos Trançados ensinam e aplicam estas história às suas próprias vidas. O modo de pensar do nosso povo é diferente dos de outros povos. Nós não costumamos revelar qual é a verdadeira mensagem contida em nossas Histórias de Sabedoria. Preferimos deixar que as pessoas utilizem os seus dons individuais de intuição e observação para perceber o significado real dessas histórias.
Acabada a jornada de Busca da Visão, Mão Erguida contou para Cara Amarela sobre a mensagem que lhe foi dada pelo Ancião. Após a narrativa, Cara Amarela deu uma baforada em seu cachimbo e falou: - Nossos ensinamentos são transmitidos de forma que cada um possa aprender conforme seu próprio ritmo e seu próprio modo de ser, dando liberdade a que cada pessoa aplique ou não estes ensinamentos à sua vida. Cada história possui diversos significados e relaciona-se de formas diferentes à vida de cada pessoa. Os mesmos acontecimentos dentro de uma história também podem ser repetidos inúmeras vezes, de maneira diferente, para que cada ouvinte possa perceber de que modo aquela história se adapta melhor ao seu próprio momento de vida.
Em sua última primavera com Mão Erguida, Cara Amarela ensinou ao jovem, que ele devia aprender a respeitar a liberdade de pensamento de todos aqueles que iriam em busca de sua Sabedoria. Desta maneira as crianças aprendiam a valorizar a própria inteligência e sentiam que eram membros respeitados de sua tribo. O Cabelo Trançado considerava cada criança como uma pessoa igual a ele, e colocava-se ao nível dela.
Antes a partida de Cara Amarela para a Patagônia, Mão Erguida foi admitido no Conselho de Anciões na tenra idade de dezesseis primaveras. Ele a partir desse dia não precisava participar de batalhas, mas deveria observar tudo e recordar-se mais tarde, passo a passo, o desenrolar da luta. Sendo um xamã historiador, o Cabelo Trançado era convocado a contar os fatos passados com total precisão para que estes acontecimentos ajudassem a solucionar os presentes problemas. Ensinava a forma de viver de maneira equilibrada através das ações dos personagens das História de Sabedoria. Uma história contada de maneira adequada, podia acabar com as discussões, mudar o curso de uma vida, insuflar novo ânimo em épocas difíceis ou encorajar os jovens a assumir novas responsabilidades na vida.
Acabada sua admissão no Conselho de Anciões, Mão Erguida entrou no tipi de seus pais acompanhado de Cara Amarela, o velho Contador de História pediu para o jovem sentar e começou a trançar uma pequena mecha no novo Cabelo Trançado. Após alguns minutos, eles saíram do tipi e o povo pode ver que Mão Erguida trazia uma pequena mecha com tranças e nós, que lhes caía pelo meio da testa que tinha cunhada um pequeno cristal, que o caracterizava com professor e historiador da tribo. Despediram-se, e Cara Amarela seguiu seu destino em direção a Patagônia, enquanto Mão Erguida partia para contar história entre os povos das pradarias.
Passado muitas primaveras, Mão Erguida continuou visitando as tribos das pradarias. Todos os verões, ele partilhava o seu conhecimento com os filhos dos Oglalas reunidos para o Pow-Wow antes da Dança do Sol. Numa manhã de verão, Mão Erguida chegou para o Pow-Wow cavalgando seu cavalo malhado. Ao verem Mão Erguida se aproximar com seu garboso companheiro, as crianças correram até os limites do acampamento. Mão Erguida tinha duas penas de águias amarrada em seu cacho de escalpo, e a mecha de Cabelo Trançado lhe caia pela testa.
- Cabelo Trançado chegou! - gritavam as crianças enquanto corriam para saudá-lo. Com os olhos cheios de admiração, as crianças observavam Mão Erguida entrar no acampamento. Ele continuava montado em seu cavalo, ereto e orgulhoso, olhando sempre em frente, com seus olhos muito negros fixados no centro do acampamento. Agora, Mão Erguida era o mais velho Cabelo Trançado da Nação Sioux. Nínguém sabia quantas primaveras ele carregava nas costas. Até o chefe que chegou para saudá-lo, lembrava-se que Mão Erguida já era um Ancião na época em que ele ainda era uma criança.
Mão Erguida desmontou bem no centro do acampamento e foi saudado com muito respeito e calorosos How Kolas. Convocou-se o Conselho de Chefes e Mão Erguida foi fumar o Cachimbo, foi trazida a comida e começou-se a partilhar as últimas novidades entre os membros da Tenda de Cura.
Quando a noite caiu, e a última luz enviada pelos raios do Avô Sol tocaram a grama que cobria os prados, começou a celebração. A volta de Mão Erguida a este grupo de Oglala era um motivo de muita alegria. As expectativas eram enormes e todos os olhos se voltaram para o Cabelo Trançado quando ele começou a partilhar as notícias de nascimentos e mortes, os golpes que foram contados, e das decisões dos diversos Conselhos de outras regiões, tomadas durante o último inverno. Após terminar o relatório, Mão Erguida contou uma de suas Histórias de Sabedoria.
Este foi o último verão que Mão Erguida passou entre os povos das pradarias. Nunca mais ele foi visto, apesar de alguns caçadores jurarem que viram o Cabelo Trançado no alto de uma montanha rodeado de animais com a mão aberta levantada e falando:
- How Kola!


lenda Sioux contada pelos xamãs do Clã Lobos do Cerrado

quarta-feira, 3 de março de 2010

SAUDADE

Sabe qual é o piortipo de dor?
É aquela que dói fundo, de  forma tão intensa,
que a gente chora sem sentir. E ela não passa nem mesmo por um segundo.
Dói o tempo todo. Muito, muito mesmo...
E você vai se acostumando com a dor, porque dói o tempo todo.
E o tempo vai passando, a dor sempre alí, até que você se acostuma...
Você sentiu a dor por tanto tempo, que de repente nem dói mais...
Mas bem agora, que você se acostumou com ela, logo agora que não dói,
ELA VAI EMBORA!
E você sente falta da dor.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

POVO KAIOWÁ


Olá, meus queridos!

O assunto de hoje não é feliz. O engraçado é que hoje eu escolhi falar da minha descendência, o povo Kaiowá, ou como nós mesmos nos entitulamos, Paí-Tavyretã, do tronco Guaraní. Os Pai-Tavyterã podem ser identificados com os antigos itatins, dos quais se tem notícia desde os tempos da primeira entrada dos europeus no Paraguai. Do tempo em que eram conhecidos como caaguá da selva ficou a denominação de kaiowá, ainda usada no Brasil. Sua autodenominação, no entanto, é a de paí-tavyterã, com clara alusão ao seu modo de ser religioso: paí seria o título com que os deuses e habitantes do paraíso saúdam e se dirigem a palavra, e tavyterã: os futuros habitantes do povoado do centro da Terra.
Suas aldeias distribuem-se, hoje, entre a porção leste setentrional do Paraguai, norte da Argentina, sul da Bolívia e parte do Mato Grosso do Sul.
Dizem que o primeiro homem foi Papa-Gui (o rei da natureza, criador da água e de tudo da Terra). Em seguida desceu dos céus Nhandeara (rei dos Deuses) há mais de dois mil anos. Ele deixou as regras e religiões que são seguidas até hoje como o uso do tembetá e a reza com mbarakás.
Os Kaiowás não tiveram contato significativo com os colonos europeus e seus descendentes até fins de 1800. No século XX, no entanto, com a chegada das frentes de colonização euro-descendentes aos seus territórios, os caiouás foram expulsos por latifundiários e empresas mineradoras, sem qualquer reação significativa por parte da FUNAI, que supostamente deveria prezar pelo bem estar dos povos indígenas no Brasil. Fora de suas terras, os caiouás são forçados a buscar trabalho, por vezes junto aos mesmos latifundiários que roubaram suas terras, recebendo geralmente pagamentos reduzidos com os quais buscam garantir sua existência.
Nas últimas décadas, centenas de kaiowás, tanto adultos quanto crianças, perderam suas vidas na defesa de suas terras. Estas são consideras essenciais por eles para a sua sobrevivência.
Unidos pela revolta e indignação em relação à lentidão no processo de demarcação de suas terras tradicionais (tekohá), cerca de 300 Guaranis Kaiowás estiveram reunidos, nos últimos dias 15 e 16 do mês passado, no Mato Grosso do Sul, para discutirem a retomada de seus territórios. O encontro, que ocorreu na Terra Indígena Yvy Katú, localizada no município de Japorã/MS, marca a realização da IX Aty Guasu (“Grande Reunião” em idioma guarani).
Nas palavras proferidas pelo cacique de Laranjeira Nhanderu, Farid de Lima, durante a realização do evento, estão expressas toda a indignação que reuniu o povo Guarani e Kaiowá em mais uma edição do “grande encontro”. “Nós vamos arrebentar a cerca e vamos entrar nas nossas terras de novo. E lá nos vamos ser enterrados, junto com os nossos antepassados. A minha comunidade já ta cansada de esperar a demarcação, que nunca é finalizada. Nós somos índios, nós somos o Brasil, somos sementes de Mato Grosso do Sul. Nós não vamos sair daqui, nós somos daqui. Quem invadiu nossas terras foram os brancos. Eles é que tem que sair”.
O evento representa a história da luta do povo Guarani e Kaiowá pela valorização de seus direitos. Além de reunir diversas lideranças indígenas, dentre elas o vereador do município de Paranhos/MS, Otoniel Guarani (PT-MS), o encontro também contou com a presença de representantes da FUNAI regional e nacional, membros de organizações indigenistas e autoridades como a Senadora Marina Silva (PV-AC), o Procurador da República em Dourados/MS Marco Antônio Delfino de Almeida e o Deputado Federal Antônio Carlos Biffi (PT-MS).
Esta a Aty Guasu teve como objetivo central discutir a demarcação do território Guarani Kaiowá do Mato Grosso do Sul e pressionar os órgãos competentes a acelerem o processo, que vem se arrastando há quase 4 anos. O povo Guarani e Kaiowá representa a segunda maior população do estado, estando presente também em outras regiões brasileiras. Somam, ao todo, um contingente de, aproximadamente, 60 mil indígenas.

A luta
A situação em que atualmente se encontra o povo Guarani e Kaiowá no Mato Grosso do Sul é tensa e bastante precária. Tendo suas terras sido usurpadas por latifundiários e políticos locais, os grupos foram renegados ao confinamento em um território reduzido (cerca de 127 ha), no qual eram constantemente vítimas de agressões por parte pistoleiros a mando dos grandes fazendeiros.
A crescente violência somada à falta de condições dignas de sobrevivência (como a falta de alimentos e moradia) levou o povo Guarani Kaiowá a saírem em busca da recuperação de seus tekoha. Uma das ações para retomada da terra Krusu Amba, realizada em 2007, foi violentamente reprimida pelos fazendeiros. A tentativa terminou não apenas com a expulsão dos indígenas das áreas ocupadas como também ocasionou a morte da rezadora Zurite Lopes.
Além disso, quatro lideranças foram perseguidas e presas, tendo que cumprir, por dois anos, pena por crimes não cometidos. Após esse episódio, outra ação de retomada foi realizada pela mesma comunidade, o que levaou a nova expulsão pelos fazendeiros. O ato reacendeu a onda de repressão e violência contra o povo Guarani, culminando no assassinato brutal da liderança Ortiz Lopes.
“Nós, o povo Guarani Kaiowá estamos sofrendo há muitos anos pela falta de nossas terras. Enquanto esperamos a demarcação, que nunca é resolvida, nossas crianças estão morrendo de desnutrição e nossas lideranças, sendo assassinadas pelos fazendeiros e seus pistoleiros. A gente não agüenta mais esperar”, desabafa Eliseu Lopes, liderança da aldeia de Kurusu Amba, localizada no município de Amambai. Eliseu, que também é coordenado regional da Mobilização dos Povos Indígenas do Cerrado (MOPIC), vem recebendo constantes ameaças a mando de latifundiários locais.
Sem direito de acesso aos seus tekoha (terras tradicionais), parte do povo Guarani Kaiowá do Mato Grosso do Sul, em especial as famílias da área de Kurusu Ambá, tem vivido, desde 2007, acampado às margens da rodovia MS-289, em Coronel Sapucaia, onde enfrentam muitas dificuldades. Além disso, as lideranças locais tem sofrido constates perseguições e ameaças por parte dos fazendeiros e da policia da região, o que já levou a diversos assassinatos, sem que haja, no entanto, qualquer punição dos culpados por parte da justiça.

O processo
A demarcação do território Guarani Kaiowás do Mato Grosso do Sul vem caminhando a passos lentos. Os indígenas aguardam a conclusão dos relatórios de identificação das terras, cujos prazos de execução tem sido constantemente adiados em função das recorrentes investidas dos fazendeiros.
O advogado da Diretoria de Assuntos Fundiários da FUNAI de Brasília, Aluísio Azanha, que esteve no evento representando o órgão, falou sobre as dificuldades e limitações enfrentadas no Mato Grosso do Sul. “Desde 2008 a FUNAI tem enfrentado uma pressão e resistência política e judicial. O governo do estado do Mato Grosso do Sul se posiciona muito franca e publicamente contra a demarcação, inclusive colocando recursos à disposição dos fazendeiros para elaborarem seus contra-laudos, conseguindo tumultuar, a todo o momento, o trabalho de regularização fundiária nesta região”, argumenta.
Para que o processo prossiga é necessário, no entanto, que os antropólogos da FUNAI ingressem nas fazendas para terminar os estudos identificação das terras. A realização dessa etapa esbarra na forte resistência dos latifundiários, que não poupam ameaças aos profissionais responsáveis pela finalização dos relatórios técnicos.
Para o procurador Marco Antônio Delfino de Almeida essa resistência dos fazendeiros encontra justificativas em possíveis irregularidades nos títulos das propriedades. “É bem provável que parte dos documentos de posse dos imóveis rurais sejam falsos. Por isso, muitos fazendeiros não aceitam nem a indenização pela terra nem os estudos antropológicos nessas áreas, pois temem que quanto mais mexermos nessa questão, mais falhas iremos encontrar”, comenta.
Durante a Aty Guasu os indígenas deixaram registrada a sua impaciência com a situação, exigindo a urgência na solução do problema em questão. Caso o processo não avance, o povo Guarani e Kaiowá empreenderá mais uma ação em massa de retomada de suas terras. Trinta dias foi o prazo deixado para que o Governo Federal regularize o processo de demarcação dos tekoha.

O apoio
As autoridades que se fizeram presentes no encontro registraram seu apoio e solidariedade à luta do povo Guarani Kaiowá, afirmando o compromisso em levar adiante a situação e as reivindicações apresentadas durante a Aty Guasu.
A senadora Marina Silva reafirmou seu compromisso em levar adiante as reivindicações apresentadas pelos indígenas às autoridades de Brasília e a inseri-la nas pautas da tribuna do Senado. “Estou aqui como aliada da causa em qualquer que seja a circunstância em que esteja. Não podemos nos esconder atrás do medo. E em nome da coragem que nos leve a justiça é que nós temos que buscar junto ao Governo Federal, junto a FUNAI, junto ao Congresso Nacional os meios para fortalecer os meios para que as pessoas possam fazer o seu trabalho e dar conta da justiça que vocês esperam”, pondera.
O deputado Antônio Carlos Biffi também se fez presente para confirmar o seu compromisso com a luta do povo Guarani e Kaiowá. “A gente tem sofrido muitas pressões em função da demarcação das terras indígenas. Estamos atuando em defesa das comunidades indígenas e temos sofrido uma pressão muito grande por parte do governo e dos proprietários rurais para que efetivamente não saia nenhuma demarcação. Cabe a nós buscarmos o apoio político para que possamos ver assegurados avanços na nossa política de definição de terras”, afirmou.
Todas as autoridades presentes assinaram o relatório elaborado pelos indígenas assegurando o compromisso com a luta em questão. Uma cópia do documento, que contém as principais reivindicações feitas pelo povo Guarani Kaiowá, foi entregue a cada uma desses líderes políticos para que possam levar a discussão adiante, contribuindo para acelerar o processo de demarcação das terras indígenas na região, assim como outras no estado, que se encontram em situação semelhante.
A saga do Povo Guarani Kaiowá é uma das mais dramáticas do país. Eles são o retrato, com todas as cores muito acentuadas, do pleno e radical descaso do Estado brasileiro com as nações indígenas. A tragédia imposta ao povo Guarani Kaiowá reproduz a submissão do Estado aos interesses econômicos e espúrios de uma pseuda elite, que ignorara os mais elementares direitos humanos. A situação desse povo traduz o desprezo do Estado brasileiro com os menos favorecidos. Representa, sem tergiversar, uma política indígena que privilegia o genocídio de um povo, cujos valores se perdem diante da falta de valor dos mandatários. É lamentável que esse povo chegue à primeira década do século 21 sem o reconhecimento dos seus direitos. É lamentável que o Estado democrático de direito (???) premie os invasores em detrimento do direito à vida. Recordo-me de Marçal Tupã-in, executado a mando do latifúndio dentro de sua casa, meses depois de expor a papa João Paulo II, em sua primeira visita ao Brasil, o drama enfrentado por seu povo. As autoridades, à época, prometeram solução. Palavras ao vento, para fazer bonito diante de sua santidade.
Existe um movimento, de resistência, que embora não faça muito, nos dá forças. Você pode fazer parte do Movimento de Resistência Kaiowá. Não precisa muito, apenas cole o cartaz da resistencia em seu site, orkut, twitter, blog ou qualquer outro meio de comunicação. Agradeço pessoalmente.

O Xamã.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O ESPIRITO ANIMAL DE CADA UM (Xamanismo)


Olá, pequenos curumins de todo dia!



Vamos falar um pouco mais sobre o caminho indígena. agora que já conhecemos o que é xamanismo, o que a figura do xamã representa e algumas de suas capacidades, podemos falar um pouco sobre um dos temas mais discutidos nas entrelinhas do ocultismo. o animal de poder.

Desde as religiões antigas existem registros de rituais do homem e do animal em todos os hemisférios. Na Índia, a Ganesh, divindade em forma humana com cabeça de elefante; no Egito, Thot, forma humana com cabeça de falcão; na mitologia grega, entre os fenícios, maias, astecas, incas, índios norte-americanos, na Sibéria, nos cultos africanos, entre os aborígines australianos, esquimós, índios brasileiros, no taoísmo. Nos contos Jakata conta-se que Buda em seu “Grande Despertar“ lembrou-se de encarnações animais.
O peixe e a ovelha no cristianismo. Jesus, um dia, disse aos seus discípulos : “Eis que vos enviou como ovelhas no meio de lobos, portanto, sedes espertos como as serpentes e simples como as pombas“ Mateus, 10:16.
Na astrologia ocidental e chinesa os símbolos astrológicos são animais. A simbologia animal também está presente em todas as linhas de ocultismo, na alquimia, nas cartas de tarô, nas runas, no I Ching etc.


No xamanismo passamos pela descoberta do animal guardião que está presente em  cada um de nós. Seja chamado de animal de poder, espírito protetor, nagual, aliado totem, animal guardião. É o nosso alter ego, nosso duplo. Eis aí um primeiro motivo de dúvida. A verdade é que o espírito animal, ou animal totem não é algo externo, mas sim aquilo que existe de mais profundo dentro de nós, e que podemos trazer para fora.Quando compartilhamos de nossa consciência animal, podemos transcender o tempo e o espaço, e as leis de causa e efeito. Os animais de poder são manifestações dos poderes arquétipos ocultos, que estão por trás das transformações humanas. Torna as pessoas com um corpo vigoroso, aumenta a resistência a doenças, a acuidade mental, e a autoconfiança. Eles auxiliam no diagnóstico de doenças, na realização de objetivos desafiadores, para aumentar a disposição, auxiliam no autoconhecimento.
Através de uma maior compreensão da energia animal e da pratica de rituais e meditações, expande-se o seu poder pessoal. Esse relacionamento poderá lhe trazer um vigor extra, ajudará a ter idéias mais criativas, a melhorar seu relacionamento com as pessoas e com o Universo, aumenta sua intuição, melhora seu poder de tomar decisões, maior disposição para enfrentar os desafios da vida e proteção contra perigos.
Os xamãs têm ao menos um animal de poder, porém, dificilmente alguém terá só um, ou até mesmo um número pré-estabelecido de animais. Ele age como espírito guardião e como intermediário para acessar outras realidades. Nas viagens xamânicas ele assume os talentos de seu animal e vê de maneira diferente. Cada animal traz seus talentos, ou uma essência espiritual, e através disso, cada um transmitem-nos a sua sabedoria.
Os totens nos completam. abaixo segue uma lista de alguns, quem sabe o seu esteja entre eles:

Ganso
Deve cultivar: Sociabilidade, expressão emocional.
Deve evitar: Dúvidas e pessimismo.
 Lontra
Deve cultivar: A criatividade, a tolerância e a coragem.
Deve evitar: A excentricidade e a rebeldia.

 Lobo
 O lobo é o Animal do primeiro clã xamânico, o clã da verdade.  se você tem um lobo como totem, não minta jamais, ou o seu totem irá revelar tudo no momento oportuno.
Deve cultivar: Intuição, criatividade e compreensão.

 Falcão
 Deve cultivar: Paciência, persistência, compaixão.
Deve evitar: Vaidade, orgulho e intolerância

 Castor
 Deve cultivar: Adaptabilidade e compaixão.
Deve evitar: Possessividade, inflexibilidade.

 Urso Pardo
o urso é o representante do segundo clã, o clã da força. Ter esse totem representa  estar acima de tudo o que te traga dor.
Deve cultivar: Otimismo e tolerância
Deve evitar: Ceticismo e crítica excessiva

Coruja 
Deve cultivar: Concentração, otimismo e entusiasmo vital
Deve evitar: Auto-indulgência e exagero

 Águia
O animal do terceiro clã, o clã da visão. ninguém te engana, porque você vê o que está além das aparências. 
Deve cultivar: percepção, paciência e amor fraterno
Deve evitar: possessividade e perfeccionismo



Há ainda uma outra possibilidade.
Os clãs xamânicos são representados por animais. Os quatro principais são o clã do lobo (verdade), do urso (força), da águia (visão) e o da tartaruga (sabedoria). existem ainda o clã do sapo (emoção) e o da borboleta (auto-transformação).
 Caso seu animal seja um desses, as chances de você ter algo a ver com o xamanismo é grande. Afinal, o xamã não se diz, mas é escolhido pelos espíritos.

Espero ter esclarecido algumas dúvidas. Mas também espero que elas ainda existam, tamanha a complexidade do tema.

É isso! Ahow!!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

EU RECOMENDO - SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS


Olá!!


Acontecem agora as inscrições para o vestibular da UFT, e minha namorada, decidiu-se, pelo curso de Filosofia, o que me deixou bastante eufórico. É difícil ver pessoas pensando hoje em dia...


A maioria das pessoas ainda não entendem a importância da filosofia para a sociedade. O filósofo é aquele que vê o que todos vêem todos os dias, mas ele, diferente de outros, aponta para situações em que aquilo que é visto não é algo que deveria estar ali como está. Poderia não estar. Talvez devesse não estar como está. E é aí que mora o grande valor. A filosofia molda o ser humano, muda a sociedade, dá novas diretrizes, aponta para novos cominhos. Sem a filosofia, não saberíamos o que é educação, não existiriam valores, estaríamos muito próximos do caos total.
Todos os povos têm uma educação transmitida muitas vezes de maneira espontânea. Diante disso, cabe ao filósofo acompanhar, reflexiva e criticamente a ação pedagógica de modo a promover a passagem dessa educação guiada pelo senso comum para uma educação sistematizada.
A filosofia da educação desempenha papel importante para denunciar as formas ideológicas, graças ao seu poder de questionamento do que seja educação, não permitindo que a pedagogia se torne dogmática, nem que a educação se transforme em adestramento. 

Foi pensando nisso que eu me lembrei de um dos grandes filmes da minha infância. "Sociedade dos Poetas Mortos", de Tom Schulman, dirigido por Petes Weir, de 1989. Destaque para a atuação brilhante (pasme!!) de Jim Carrey.




O filme "Sociedade dos Poetas Mortos" mostra as relações de um professor
e ex-aluno da Welton Academy, vivido por Robin Williams, com uma turma de adolescentes cheios de sonhos e vontade de viver intensamente. Entretanto, encontram-se inseridos em um sistema acadêmico rígido e autoritário, não permitindo-os, com o pleno auxílio de suas famílias, buscarem outras oportunidades externas às impostas pela instituição de ensino preparatória para a universidade, referindo-se a atualidade brasileira, seria uma escola secundarista técnica.
A quebra dos estereótipos educacionais proposta pelo professor em questão, John Keating, remete os alunos a novas possibilidades e visualizações acerca do mundo em que vivem, ou que deveriam viver. Isso faz brotar nos jovens novos sentimentos, sempre com o insistente auxílio de John Keating pela quebra de barreiras impostas pela sociedade, família e instituição, o que fica bem claro com a morte da personagem Neil Perry, que se remete à vida enquanto ela ainda lhe oferece possibilidades de proveito a cada momento, relação direta com uma frase muito usual na trama: Carpe Diem (aproveite o dia). Ela é sacrificada em suicídio pela causa mais justa relatada no filme, a truculência contra os anseios pessoais e imposições profissionalizantes, educacionais, capitalistas, enfim, que são expoentes da sociedade global mundial. Nos 129 minutos de filme, são mostrados a importância dos sentimentos humanos que superam quaisquer imposições sociais, é o íntimo de cada pessoa sendo mais valorizado que as regras impostas pelo coletivo, é a quebra para a renovação. Entretanto, a aparente quebra de regras, mostradas como sendo o eixo central da trama, se contradiz com a própria formação da Sociedade dos Poetas Mortos, onde todos têm que ler poemas, produzir versos, reunir-se em horários definidos, entre outras, para se tornarem membros efetivos. A Sociedade referencia poemas de autores renomados e dos próprio personagens, como sendo renovadores e estimuladores de ações e pensamentos.
O drama é muito bem construído, com imagens fortes que retiram dos atores os sentimentos que precisavam se mostrar encobertos. Robin Williams, como é de praxe, submete os pensamentos dos espectadores a uma introspecção e auto valorização humana. A escolha de uma instituição preparatória ortodoxa foi muito bem explorada, já que, tradicionalmente, os pensamentos acerca de um local como este remete a todos a um ambiente fechado, com regimentos fortes e invioláveis, truculento e altamente insensível com o ser humano. Todos estão ali pela instituição, que dá em troca a sustentação necessária para sobreviver no mundo cada vez mais individualista. Esse filme todo mundo deveria assistir.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

D-Eficientes


Olá. Tema meio dificil esse....

Esses dias tive um sonho que me deixou meio pensativo. Sonhei que sofria um acidente e ficava sem o movimento das pernas. Não foi necessariamente um pesadelo, pois o que realmente acabaria com minhas expectativas seria eu ficar cego. Pense bem. É possível um cego ser arquiteto??

Daí eu comecei a pensar no quanto a vida de um eficiente é difícil, e pior, não é nem pelo preconceito, o que já é difícil o suficiente. Eu andei reparando alguns fatos na faculdade, observando os acadêmicos deficientes, passeando pela UFT, e reparei em uma coisa: Nenhum deles é acadeirante. Por quê?

Simples: a UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS não tem uma rampa sequer! Cada bloco principal tem três escadas, mas nenhuma rampa, o que torna impossível o acesso de um acadeirante às salas de desenho técnico, coordenações de cursos, PROGRAD, sala de protocolo e reitoria. Também não tem sinalização para cegos no chão, o que faz com que seja necessária a presença de um cão guia, um "luxo" que, se não fosse graças a algumas associações filamtrópicas, custaria entre 18 e 20 mil reais. Aí eu me pergundo: O DCE fala tanto em democracia, mas onde ela está? o que é preciso fazer para se ter acessibilidade? E se fosse só aqui, seria facil. O caso é que o país todo está assim. Façam a experiência. Imaginem se acadeirantes, tentando pegar um ônibus, se deslocar até o trabalho, ou a faculdade, chegar até a sua sala de aula. Imagine-se cego, tentando estudar sem computadores adaptados, sem ajuda, ou mesmo sem a compreenção. Imagine-se, pelo menos uma vez.

pelo simples fato de o ser humano ser insuficiente, não podemos ajudar a todos, mas um pouquinho já faz diferença. estou colocando aqui o link do blog da associação cão guia de cego, que faz um trabalho lindo de distribuição gratuita de cães treinados para guiar cegos há mais de vinte anos. o caso é que um cão é caro, então se vc puder ajudar, doar nem que seja dez centavos, muita gente vai agradecer.

beijo do Xamã!

Obs: Eu sei, que muita gente nem mesmo vai ler esse post, não vai entrar no blog da ACGC, nem vai doar. mas minha consiência está limpa, pois EU FIZ MINHA PARTE! se voce leu, faça a sua também. Por favor.

domingo, 6 de setembro de 2009

EU RECOMENDO Jesus Christ Superstar

Jesus Christ Superstar é um musical de rock de Andrew Lloyd Webber, com texto de Tim Rice. Apresentado em 1970, destaca as lutas políticas e pessoais de Judas Iscariotes e Jesus. A ação ocorre, na maior parte, conforme os evangelhos da Bíblia sobre a última semana da vida de Jesus, começando com a chegada em Jerusalém e terminando com a Crucificação. Atitude moderna e gírias prevalecem nas letras e há alusões irônicas à vida moderna enquanto a visão política dos acontecimentos é retratada. As produções cinematográficas e teatrais apresentam muitos anacronismos, na visão dos sectários, isto é, daqueles que querem separar política de religião.

Grande parte do enredo é focado na personagem de Judas, que é retratado como uma figura trágica, realista e conflitada que não está satisfeita com a aparente falta de planejamento político e afirmações de divindade de Jesus.


SEUS PRINCIPAIS PRÊMIOS:

Oscar 1974 (EUA)

  • Indicado nas categoria de melhor trilha sonora.


BAFTA 1974 (Reino Unido)

  • Venceu na categoria de melhor trilha sonora.
  • Indicado nas categorias de melhor figurino e melhor fotografia.


Prêmio David di Donatello 1974 (Itália)

  • Venceu na categoria de melhor filme estrangeiro.


Globo de Ouro 1974 (EUA)

  • Indicado nas categorias de melhor filme - comédia/musical, melhor ator de cinema - comédia/musical (Carl Anderson e Ted Neeley), melhor atriz de cinema - comédia/musical (Yvonne Elliman), ator novato mais promissor (Carl Anderson e Ted Neeley).


Esse eu recomendo em doses cavalares, tanto o filme quanto o musical. Videozinhos para vocês irem pegando o espírito!