O Espírito da Terra trepidou no vale do meu coração.
Eu evoquei meu animal sagrado de poder
e o Gorila surgiu...
E na Terra eu dancei,
meu chakra cardíaco se expandiu e amou...
O Espírito da água lavou as entranhas da minha voz.
Eu evoquei meu animal sagrado de cura
e a Águia surgiu...
E na Água eu mergulhei,
meu laríngeo abençoou e cantou a canção da alma...
O Espírito do Fogo queimou as tolices do meu ego.
Eu evoquei meu animal sagrado de sabedoria
e o Urso Pardo surgiu...
E na fogueira eu me aqueci e me consolei,
meu chakra frontal SE enxergou, ME enxergou, e questionou...
E o Espírito do Vento soprou no vale de meu coração.
Eu evoquei meu animal sagrado espiritual
e a Raposa surgiu...
E no Prhana eu meditei,
meu chakra coronário transcendeu, sentiu, descobriu e calou.
Uma fração de tempo melancólica se seguiu.
Era a reflexão do meu coração.
Circunspectos, eles me olhavam,
o Gorila, a Águia, o Urso e a Raposa.
Se posicionavam nos quatro cantos cardeais.
Eu me levantei a mirar a abóbada celeste
ergui os braços qual as asas da Águia
como quem ameaça alçar vôo dentro do coração do Grande Espírito,
que a milênios sussurra em minha consciência.
Eu cantei...
cantei e dancei louvando a natureza,
dancei e sorri dando graças.
o Gorila gritava, como quem cantava comigo
minha coluna brilhou e um funil de luz me uniu ao cosmos
pelo alto da minha cabeça.
A natureza me ungiu em cura eterna
e a Raposa se aproximou...
Ia e voltava em ritmo, exaltando a lealdade.
Meus passos dançantes pulsavam com ela,
e uivávamos juntos.
E o Urso me ensinou cautela e discrição.
Postei as mãos rente a testa de olhos fechados,
e a raposa lambeu meu rosto.
Ela me ensinou a flexibilidade do aprender a aprender,
me disse para cometer apenas erros novos e evitar os antigos.
E com respeito a natureza e humildade, dançando,
cantando e orando,
eu, a Raposa, o Urso, o Gorila e a Águia evocamos os elementais.
Antes, pedimos a licença e a presença dos Devas Solares.
o Gorila evocou os Gnomos da Terra,
o Urso evocou as Ondinas da Água,
a Raposa evocou as Salamandras do Fogo,
e a Águia evocou os Silfos do Ar.
Eu evoquei Walkan-Tanka, o Grande Espírito, a presença no céu de nossos corações.
Uma reverência espontânea e infinita se instalou.
Os olhares daqueles seres extrafísicos se miravam
com as virtudes e potenciais dos olhares dos seres arquétipos
plasmados em minha realidade.
E nossos olhares serernos se entrecruzavam naquela profunda reverência,
e todos éramos um só no céu e terra do coração do Grande Imanente
que nos enviou um sábio Xamã.
Um único amor inefável nos unia,
e ficamos ali até o anoitecer em volta da fogueira
dançando e cantando...
E o Sábio Xamã falou:
"O conhecimento penetra na mente que se abre,
mas só a experiência pousa no coração que sente.
O conhecer pode cegar o coração,
mas só a experiência real do coração que sente
é capaz de abrir as janelas profundas da mente.
Assim, a arrogância serve para quem 'tudo sabe', mas
nada sente."
E naquele Xamã eu via os olhos do mundo e o coração da humanidade.
Vi nele os Pretos Velhos, os Pais fraternos, os Mestres Carinhosos, os Avatares,
as mães amorosas, os irmãos cuidadosos,
vi o seio de Gaia, vi o verde das montanhas, o fogo dos vulcões e
a água das nascentes.
Ele já havia queimado as tolices do seu ego há muito tempo
e dedicava sua vida aos viajantes sinceros que se empenham
na autotransformação,
tal qual a lagarta, que se transforma em borboleta.
Em seus olhos, eu ví meus olhos.
Ahow!!